Fechados os números da Black Friday 2022, os resultados ficaram bem abaixo do esperado pelo mercado.
Pela primeira vez, desde que a liquidação chegou ao país, houve queda no volume de vendas e de faturamento.
De acordo com análise da NielsenIQ|Ebit, realizada em parceria com a Bexs Pay, houve queda de 23% no faturamento bruto do e-commerce brasileiro em relação a 2021.
O levantamento da Neotrust, que contou com apoio da ClearSale, mostra que o faturamento durante o período foi de R$3,9 bilhões, uma queda de 25% em relação a 2021, quando o setor alcançou R$5,2 bilhões.
O e-commerce cresceu muito nos últimos anos e ainda existe potencial para continuar evoluindo, principalmente quando analisamos a sua participação nas vendas do varejo. Os números do Brasil ainda estão aquém dos encontrados no mercado exterior.
Aliás, vale o registro: nos Estados Unidos, que também vivem um período conturbado na economia, as vendas cresceram na BF 2022. Segundo o monitoramento da Adobe Analytics, a alta foi de 5,8% em comparação ao ano passado.
O que deu errado na Black Friday?
A análise do que aconteceu nesse período pode render aprendizados importantes e que podem ajudar nas próximas datas comemorativas, como o Natal e o período de “queima de estoque”, em janeiro.
Além da conjuntura econômica e política, pouco favoráveis, há alguns pontos que podem ser levantados.
Ainda em termos de cenário, a estreia da seleção brasileira de futebol na Copa do Mundo acabou prejudicando o evento. Com as atenções voltadas para o jogo, muitos deixaram de acompanhar as ofertas e, assim, realizar as compras.
Isso foi comprovado, por exemplo, no volume de acesso no Reclame Aqui. Segundo a empresa, o jogo acabou prejudicando a estratégia de vendas, porque houve uma maior dispersão do público.
Da parte das empresas, o que se percebe é que as operações também erraram nas ações:
Como se preparar para o Natal?
Até pela necessidade de reverter o resultado, a verdade é que o setor de e-commerce deve intensificar a realização de ações em dezembro.
Para os que têm estoque, uma vez que as vendas ficaram abaixo da expectativa, é o momento de preparar ofertas mais atrativas para convencer o cliente que deixou de comprar na BF 2022.
Nesse caso, é importante estudar bem as estratégias, evitando os problemas mais comuns, como:
Os casos relatados acima foram os mais citados nas reclamações do Procon durante a Black Friday 2022. Segundo o órgão, foram quase 700 reclamações até sexta-feira.
Quais estratégias são mais acertadas para o Natal?
Sem o apelo da “urgência”, que faz parte da BF, a estratégia deve ser no sentido de trabalhar melhor as vendas, fazendo uma busca mais ativa na própria base de clientes.
No dia a dia, temos percebido que a construção de relacionamentos mais próximos com o público pode fazer muita diferença nos resultados.
Por exemplo, quem mantém programas de fidelidade tem a oportunidade de usar as datas comemorativas para prestigiar os clientes fiéis da marca.
Nesse caso, a proposta é sair da “guerra de preços”, procurando agregar valor à venda, entregando benefícios reais para os consumidores.
Outro aspecto importante é fazer um uso mais inteligente dos dados dos clientes, o que possibilita ofertas mais assertivas em todos os sentidos.
Um dos erros cometidos nas datas comemorativas é não conferir a devida atenção ao perfil do público, ignorando a importância da segmentação da base.
As operações omnichannel reúnem um grande volume de informações, mas as empresas ainda têm dificuldades para tratar adequadamente os dados e, claro, usá-los nesse período.
É comum vermos, por exemplo, campanhas de e-mail marketing genéricas, que não levam em conta o histórico de compra daquela pessoa ou o seu perfil.
E isso prejudica não apenas a marca, mas todo o setor, uma vez que o público recebe uma avalanche de mensagens, a maioria com produtos e serviços que estão fora do seu radar naquele momento.
A preocupação em qualificar melhor a abordagem do cliente, então, é algo que precisa estar presente em todas as estratégias voltadas agora para o Natal.
Um último aspecto, também muito relevante, é o investimento em soluções que entreguem melhores experiências de compra.
Durante a Black Friday, ainda que as vendas não tenham batido recordes, foram relatados casos de instabilidade nos sites de vendas.
A falta de sistemas adequados, mais uma vez, acaba criando resistência por parte do consumidor, que pode deixar de optar pelo e-commerce ao enfrentar problemas.
Muitas empresas investiram nas vendas online durante o período da pandemia. No entanto, agora é o momento de não apenas viabilizar a compra, mas aprimorar os serviços oferecidos.
O que temos que ter em mente é que em períodos de instabilidade, como o que se vislumbra para o país, as marcas terão que redobrar a atenção para ter bons resultados. Investir na qualificação da venda pode ser um bom caminho.
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